A seleção colombiana participou de três edições da Copa do Mundo da FIFA de forma consecutiva na década de 1990: Itália 1990, EUA 1994 e França 1998. Durante o torneio em solo francês, empolgado com a bonita festa nas ruas de Cúcuta, um pequenino colombiano de seis anos ensaiava os seus primeiros chutes imitando o pai. Quem imaginaria então que aquele menino escreveria o seu nome com letras douradas na história do futebol 16 anos depois, após uma longa ausência do seu país na competição máxima do futebol mundial?
Depois de participar dos Mundiais Sub-17 e Sub-20, em 2007 e 2011, James Rodríguez estreou na seleção principal no primeiro jogo das eliminatórias rumo ao Brasil 2014. Na melhor campanha da história da Colômbia no torneio classificatório, ele disputou 15 jogos e contribuiu com três gols, entre eles um contra o Peru, no início da bem-sucedida campanha de José Pekerman. Durante esse período, o meio-campista cresceu em Portugal, assumiu a mítica camisa 10 de Carlos Valderrama e fez uma boa temporada no último ano com o Monaco para chegar em perfeita forma à Copa do Mundo.
A lesão de Radamel Falcao, goleador da seleção nas eliminatórias com nove gols, gerou dúvidas sobre o selecionado de Pekerman, mas James as resolveu rapidamente e de forma brilhante. Sempre perto da área rival, mostrou-se imbatível e fez gol em cada um dos cinco jogos da Colômbia no Mundial.
Com toques de classe, de cabeça, da marca da cal e inclusive de fora da área - como no gol que foi eleito o mais bonito do torneio pelos usuários do FIFA.com -, o novo jogador do Real Madrid conquistou a Chuteira de Ouro adidas de artilheiro da competição, superando nomes como Lionel Messi, Neymar e Thomas Müller, este último o ganhador na África do Sul 2010.
Três semanas após a coroação, James Rodríguez recebeu seu precioso prêmio em Madri, e o FIFA.com pôde conversar em exclusividade com o meia sobre o papel da Colômbia no Brasil 2014, a magnitude do seu desempenho e as premiações individuais. Confira:
FIFA.com: Já se passaram dois meses desde o início da Copa do Mundo da FIFA 2014. Com a perspectiva do tempo, você já se dá conta da magnitude do seu desempenho?James Rodríguez: É verdade, estive em alto nível. Pude ajudar a Colômbia a chegar até as quartas. Queria chegar mais longe, mas enfrentamos o Brasil, que tem grandes jogadores e que acabou com o nosso sonho.
Você marcou nada menos que seis gols. Qual foi o seu favorito e por quê?Fico com os seis gols. Todos foram importantes porque ajudaram a conquistar vitórias para a equipe. Cada um deles foi especial porque fazer gols em uma competição tão grande é algo único.
Os usuários do FIFA.com elegeram o seu primeiro tento contra o Uruguai como o gol mais bonito do torneio. Quantas vezes o viu de novo? Se voltasse a tentar cem vezes, quantas acertaria?Acho que vi umas 20 vezes. Sempre tento fazer algo assim nos treinamentos. A cada cem tentativas, duas entram. Deu certo e entrou no ângulo, apesar de que pessoalmente gostei mais do gol contra o Japão. Teve mais classe, mais magia. Foi um lindo gol.
A ausência de Radamel Falcao, a grande referência do ataque colombiano, o fez assumir um papel mais ambicioso no setor ofensivo?Mesmo com o Falcao, sempre tentei assumir as responsabilidades de gol. Ele faz gols, é muito importante para todos e foi uma ausência muito sentida. Mas eu sempre quis não só dar passes, mas também fazer gols.
Você mencionou o jogo contra o Brasil. Depois do apito final daquele encontro pelas quartas, David Luiz se aproximou para consolá-lo e pediu que o público do estádio o aplaudisse. O que ele lhe disse naquele momento?Eu tinha o sonho de chegar às semifinais e inclusive à final, e ele veio me animar. É algo normal entre jogadores e colegas, mas será algo de que nunca esquecerei.
Vendo como o Brasil foi eliminado um jogo depois contra a Alemanha, lamenta ainda mais a eliminação da Colômbia?Não, o futebol é assim. A cada dia será diferente. Quem está bem hoje pode estar mal amanhã, só que eles perderam por uma diferença grande, e coisas assim acontecem.
Acha que a Alemanha ganhou merecidamente a Copa do Mundo?A Alemanha foi campeã com justiça. Tem excelentes jogadores. As quatro seleções que atingem as semifinais chegam lá por algum motivo.
A Colômbia não jogava um Mundial desde 1998, quando você tinha seis anos. Ainda se lembra de algo daquele torneio?São poucas as lembranças da França 1998. O sonho de toda a Colômbia e de toda esta equipe era chegar ao Brasil. Queríamos fazer história e conseguimos. É algo que ficará para sempre.
Como acompanhou o torneio depois que a Colômbia foi eliminada? Ficou de olho nas atuações de Thomas Müller e Lionel Messi na luta pela Chuteira de Ouro?Tentei me afastar um pouco, mas foi impossível porque eu queria ganhar. A Chuteira de Ouro é um sonho que se transforma em realidade.
E onde colocará a Chuteira de Ouro adidas?Vai ficar em casa. Sempre lá. É algo para toda a vida